quarta-feira, 29 de maio de 2013
Emboscada Rio Cassai
Cubata próximo do Rio Cassai,
Em certa altura fomos fazer uma emboscada para as margens do Rio Cassai onde pressupostamente passaria um grupo do inimigo, mas provávelmente foi avisado da nossa posição e nada encontrámos, como deu em vir uma forte chuva e trovoada e existindo ali uma cubata abandonada logo aproveitá-mos para nos recolher um pouco, houve alguns mais cansados que aproveitaram as palhas existentes no chão, e vai dai, deitarem-se nelas, só que as palhas estavam cheias de carraças e foi ve-los a saltarem com pressa para sacudirem as ditas alguns tinham-nas num sitio que eu não digo, mas vocês já imaginam.
Uma Caçada
A caserna deles era ao fundo se me nao engano. Havia dois desses volontarios, com quem eu simpatizei um alto e magro, e um baixo e gordo; os nomes ja nao me recordo.
O magro convidou me para ir com ele à caça, durante a noite seguiamos a picada que saia em frente direçao ao P.I. da missao; e a uns 800 metros ou talvez 1 Km, a frente viravamos a direita e ele acendia um farolim que levava na testa , andamos ate um charco de agua que havia no meio da mata.
Eu tenho a impressao, que era uma fazenda de café, mas como era de noite e nao se via nada, nao estou seguro. ja bastante distante da picada, ele disse-me; para nao fazer barulho de repente disparou 3 tiros com 1 caçadeira a zagalotes, e matou 3 gazelas; nao 2 gazelas e 1 viado, que estavam a beber agua, porque dois cairam na agua; nao tinhamos armas, ele tinha a sua caçadeira, e eu apenas granadas no bolso, lá carregamos os animais as costas, e viemos para o quartel, pesados como o diabo, passamos a noite a arranjar, e a fazer as miodesas que comemos já de madrugada, tinhamos um bom vinho.
Ao meio dia, voces foram comer à cantina, e a noite tambêm, mas eu fui comer com eles essas duas refeiçoes, convidamos dois camaradas, que a nao me recordo quem foram. Comemos bem, sobretudo, que foi nessa altura que nos andavamos a comer feijão com chouriço, à vários dia, em virtude de existir um problema de reabastecimento.
O que me surpreedeu mais, foi a distância que andamos na mata desarmados, e ele nao tinha medo nenhum. Dizia com a gente nao ha perigo, e era verdade, ele era voluntario, mas eu nao, mas como era um amigo e eu ja estava farto do feijao com chouriço, fui com ele.
Morro da Pedra
Tenho a lembrar aos camaradas,que quando contei a historia da operaçao ao morro da pedra, ou ao rio dange como disse 1 alferes da companhia,so contei ate ao sitio onde dormimos,o mesmo sitio onde ao outro dia os nossos 2 infelizes camaradas foram recuperados pelo helicoptero,porque quando se prendeu o trilho a esquerda entre o morro e o rio dange,ja nao era eu que ia a frente;eu tinha voltado para o meu 3 grupo em 2 ou 3 posiçao; e como os 4 ataques foram sempre para a secçao que ia a frente, eu ia ca atraz,nao vi nada.Apenas vi o rio a nossa esquerda,e o morro a direita em pedra.parecia o palacaça.era preciso contorna-lo pela parte de traz.E tambem nao me recordo qual era o grupo com quem eu ia a frente;so me recordo que o primeiro camarada que ia atraz de mim,era muito alto ;tambem tinha quase 2 metros como o furriel que nomiei numa outra historia.Foi bem alguem contar como se passou a frente nesse ultimo ataque;mesmo se os avions F16 ainda ninguem sabia se seriam fabricados 1 dia.Dois fiats e a artilharia,sim recordo-me.Esqueci me tambem de dizer, que ida, foi pela margem direita da cunha e irmao
(Cont.)
terça-feira, 28 de maio de 2013
Carta ao Inimigo!
O meu final de Comissão no Luatex e a Carta do Inimigo.
Vou tentar ser omais preciso possivél e o menos fastidioso que possa para descrever este ultimo episódio.
Como sempre e durante o tempo que passá-mos no Leste, Vila do Lumeje local do quartel da 1535 cabia á nossa Companhia fazer protecção e segurança a quatro Povoações da área da nossa abrangencia, passo a mencionar, a Leua, o Sandando, o Cassai e o Luatex, mantendo no caso das primeiras tres destacada uma secção, já no que se refere ao Luatex essa secção éra reforçada, lembro-me que aí tinhamos 12 atiradores um Radio Telefonista e o Furriel que nos comandava, tive a sorte de fazer todos estes Destacamentos sendo o ultimo o do Luatex, a Secção destinada foi a do Morteiro comandada Pelo furriel Selas eu integrei-a como reforço para completar o numero de activos necessário, até aqui tudo normal, mas quando fomos para o Luatex em meados de Março 1968 seria para ser-mos revesados no principio de Abril por outro grupo que deveria fazer o resto da Comissão pois estava prevista a rendição da nossa Companhia por nessa ocasião já termos acabado o nosso tempo de dois anos de Comissão e iriamos regressar á Metropole no dia 1 ou 2 de Maio como viria a acontecer, tudo corria dentro da normalidade até que no dia 27 de Março e na picada que ligava o Luatex ao Lumeje o 1º Grupo de Combate ao regressar ao de uma missão que tinha cumprido sofre dois ataques do inimigo estes ataques foram fortes e causaram grande mossa no Grupo com 3 Mortes que menciono no 1º ataque faleceu O Vitor Manuel Azevedo Castelo Branco e no 2º ataque O Joaquim José Capela de Cristo e O Celestino do Carmo Pereira além dum grande numero de feridos, no dia seguinte 28 de Março o 3º Grupo ao fazer um patrulhamento numa picada de acesso entre o Lumeje e o Luatex e ainda nas proximidades da Vila sofre outra embuscada e perdem a Vida O Alferes Pais e o Cabo Sipaio que por motivo que desconheço acompanhava as nossas Forças, entretanto e também a 27 de Março o inimigo desfere um forte ataque aos nossos Camaradas do mesmo Batalhão na zona do Dilolo e que infelizmente custou A Vida a tres Companheiros de Guerra, na mesma noite de 28 de Março o inimigo esteve no Luatex a cerca de 100 metros de nós digo isto porque o inimigo colocou na picada que saía do Luatex em dircção a Henrique Carvalho e como referi a uns 100m um pau espetado no chão com uma carta segura no dito pau para que nós ao avistá-la a fossemos recolher, o 1º a avistá-la devo ter sido eu que estava a fazer a guarda na frente da nossa caserna (faziamos 4 sentinelas um a cada canto da caserna) aquando do romper do dia eu e outro Camarada que fazia a sentinela na outra esquina da frente avistamos a dita carta num pau ao meio da picada chama-mos á atenção do Furriel Selas para saber o que fazer pois podia tratar-se duma cilada, então e bem O Furriel Selas mandou-nos proteger as linhas laterais da picada para que um Nativo fosse em segurança buscar a dita correspondencia do inimigo o que sucedeu sem incidentes, a carta éra dirigida a nós Soldadados com palavras de aliciamento para nos juntar-mos a eles dando indicação onde nos dirigir-mos e que seriamos bem recebidos, não nos tratavam mal apenas nos chamavam de soldados Salazaristas e que ao serviço deste Colonizador e ditador nos transformá-mos em assassinos, escrevo apenas o resumo da carta pois o texto da mesma era maior e não o recordo na integra, neste contexto de ataques visando as ligações Lumeje - Luatex que poderia ser fatal e já que estávamos a pouco tempo de vir embora para evitar expor qualquer Grupo a possiveis baixas não nos foram subestituir na nossa missão do luatex tendo assim aqueles que lá estávamos de prolongar o nosso tempo por mais duas semanas até á vinda da Nova Companhia que subestituia a nossa no final de Comissão, como tivemos que alongar o nosso tempo para alem do previsto não tinha-mos mantinentos suficientes pois cada secção levava as provisões ajustadas ao tempo de permanencia, como só levávamos géneros alimentares secos e durante o tempo de permanencia iamos aos Kimbos próximos comprar Galinhas Ou Cabritos para juntar aos produtos que possuiamos e assim ser possivel fazer uma refeição mais completa "abro aqui um parentise para reafirmar Comprar pois nos destacamentos feitos pelo meu grupo sempre negociamos com os Nativos a compra desses bens e recordo cada galina entre 5$00 e 7$50 e o cabrito entre 20$00 e os 25$00 conforme o tamanho, não sei se éra o valor justo ou se os Nativos acediam por respeito ou medo de forças armadas isso eu não sei julgar, mas compráva-mos, fiz esta mensão pois já li uma qualquer transcrição de quem não procedia dessa maneira o que lamento, talves pelo nosso procedimento nos tenham deixado uma carta em vez de nos atacarem penso que a vertente Social também produsia o seu efeito" retomo aqui o parágrafo anterior para dizer que em função dos riscos que corriamos e para poder-mos proteger a localidade que éra a primeira das funções destinadas deixamos de sair mesmo para ir ao Rio que ali passava perto tomar banho, sem poder-mos ir adquirir esses alimentos tivemos que nos manter até sermos substituidos apenas á base de Arros e Salsichas enlatadas que comendo com contenção lá deu para as duas semanas suplementares que tivemos que suportar até que veio a Nova Companhia para render a nossa e então com um Grupo da nossa Companhia e outro da nova Companhia e escoltados por dois Bombardeiros da Força Aerea lá saímos do Luatex rumo ao Lumeje saíndo desta situação dramática com vida para virmos para Luanda e regressar-mos á Metrópole no velho Navio Uíge que cá chegou a 13 de Maio de 1968 dia de Nosssa Srª de Fátima O meu Talismã que sempre me acompanhou
Operação Canacassala
Operação especial – Canassala –, que durou oito dias, era necessário limpar a área entre a Beira Baixa e Nambuangongo, onde se começava a abrir a picada do Canacassala. Deixaram-nos na Beira Baixa e começámos a caminhar pelo trajecto onde iria ser aberta a nova picada. Fomos atacados logo no primeiro dia. Um dos guias ficou ferido. Pedimos apoio aéreo e continuámos. Ao fim do quarto dia, verificámos que o outro guia nos estava a enganar. Levava-nos para locais onde o capim era altíssimo. Não havia água e houve quem urinasse e, com um comprimido de Olozone, depois bebesse a urina.
Manuel Silva No que diz respeito á operação na Mata Canacassala, acrescento que para mim foi terrivel a falta de água, com aquele calor tórrido do norte de Angola, levando um cantil de água que bebi no 1º dia e na manhã do 2º dia, havia a informação que pelo fim do 2º dia aparecia uma hipotética Ribeira ou Lago para nos reabastecermos desse liquido tão precioso, mas a realidade foi outra, não encontramos água nenhuma, eu comecei a sentir a insulação, no sitio em que nos deitámos para dormir a noite do 2º para o 3º dia existiam algumas Bananeiras, com o cacimbo da noite formavam-se bolhas de água nas folhas largas da Bananeira então logo que se começa a fazer dia eu tento dobrar as folhas da Bananeira e fazendo escorrer as bolhas de agua acumuladas tentei assim molhar a boca que já começava a ter espumas provocadas pela sede, iniciamos a nossa marcha do 3º dia andando á corta mato pois o nosso Comandante e bem, não queria que utilizássemos os trilhos do inimigo, sem aparecer água eu e mais Camaradas começamos a entrar em desidratação e ao fim desse 3º dia veio um Helicopetero reabastecer ração de Combate, ao verificar o meu estado O nosso Comandante pediu a minha evacuação, mas como já tinham sido evacuados uns quantos o Comandante da operação disse para o nosso Capitão que não devia perder mais efetivos ao que o nosso Capitão retorquiu, no estado que este rapaz está é melhor evacua-lo porque o estado em que está não oferece condições para continuar, Cabe-me aqui o Meu agradecimento Ao hoje Coronel Brito E Faro, pois eu já não tinha as mínimas condições, começava a entrar em estado de alucinação e quando cheguei á enfermaria de Nambuangongo e me deram água para beber isto após me terem injetado penso que uma grande seringa de Vitaminas e quando me queria tirar a água pois provavelmente devia dosear a quantidade a beber eu agarrei com as forças que tinha o copo e não queria que mo tirassem, este episódio foi-me contado por um Camarada que também tinha sido evacuado um pouco ante de mim, depois no 4º dia já não estava no terreno mas sei que os meus Camaradas ao avistarem um qualquer lago provavelmente de água da chuvas foram atacados por um enxame de abelhas que picaram tanto e os fez sofrer que nem um Cristo, eu lá fiquei em Nambuangongo até ter uma Coluna Militar que me trouxe-se de volta a Kicabo, o resto os que foram até ao fim sabem o mau bocado que passaram.
Manuel Do Souto A operaçao,continuou. De manha,descemos o morro onde dormimos,e entramos numa lavra;1 camarada subio acima de 1 mamoeiro para apanhar mamoes maduros que estavam la em cima,mas depressa desceu para baixo porque a ponta do mamoeiro foi cortada por uma rajada;sinal de uma embuscada.la respondemos,e os turras levantaram.Eu creio que os turras estavam avigiar as duas partes au mesmo tempo,porque era perto de onde dormimos.Eu arranquei umas batatas de mandioca verdes e amargas como o diabo que meti na muchila com as raçoes de combate,e la me ajudaram a matar a sede.hoje, toda a gente sabe,que essas batatas verdes, sao toxicas.Nao houve vitimas;la cotinuamos direçao sul,vimos o capim deitado,e fomos ver se havia agua;nem ve-la;a tardinha,chegamos a uma mata,onde encontramos 1 kimbo com varias cubatas,e la dormimos.estavam abandonados;a unica que nao estava abandonada,havia la cassumbes(galinhas para quem nao se recorda).Au outro dia,la continuamos,mais ou menos na mesma direçao.la num certo sitio,encontramos 1 pequeno lago de agua,ou um pequeno charco;quando o avistamos,houve muitos camaradas,que saltaram para dentro,e começaram a bebera agua sem o comprimido;a agua estava podre,porque se via a surface da agua uma espuma branca,era como a la de ovelha;nao tardou muito que começaram a ter formigueiro na pele;era o sinal da agua podre;la teve o enfermeiro de se ocupar de alguns.Passado isto la continuamos,pela tarde,começamos a houvir tiros au longe;paramos e acampamos para passar a noite.Montamos tendas,mas houve uns camaradas que queriam dormir melhor, foram buscar um molho de capim que estava cortado,e deitado no chao;quando levantarm o capim,tiveram de correr,porque debaixo desse capim havia um enchame de abelhas selvagens.Tivemos de fugir para longe,e houve alguns camaradas que fugiram e abandonaram as armas.Houve 1 ou 2 camaradas, que pediram para os matarem tam desesperados estavam com as abelhas;como ja era noite,as armas so foram recuperadas au outro dia.Durante toda a noite,o tiroteio au longe continuou, mas nao para nos.Eu creio que era uma companhia que andava a abrir uma picada,mas nao estou certo.Au outro dia arrancamos direçao poente,ate sermos recuperados para voltar a kicabo. Como nao me recordo do sitio onde fomos recuperados pelas viaturas,peço a quem souber,para acrescentar o sitio aqui na historia.E se se lembrarem de mais alguma coisa,acrescentem,ou retifiquem.
Manuel Do Souto Bravo silva por este comentario;Eu tambem nunca esquecerei esse dia.Nesta operaçao, houve de tudo;1 ataque no fundo de uma lavra,1 charco de agua estragada ou envenenada em que 1 terço da companhia ficou logo doente;e 1 ataque de abelhas selvagens,em que alguns camaradas tiveram de fugir,e vir mais tarde recuperar as armas.au longe, houviam-se tiros dos turras para outra companhia,que nao me recordo o que faziam la.Uma picada?Um posto de segurança?Nao sei
Manuel Do Souto O comentario do Alferes Vacas,refere-se a operaçao au morro da pedra.Nao confundir com o morro da pedra verde.O morro da pedra verde avista se da picada cachito zala a esquerda.O morro da pedra foi P.I.da missao,margem direita da cunha e irmao,e margem direita do rio dange,para os que esqueceram
Manuel Silva Souto o comentário refere Morro da Pedra, e não Pedra Verde, por isso está correto, já agora aproveito para te avivar a memória quanto ao sitio da Pedra Verde fica na Estrada que liga o Caxito ao Quitexe e a Carmona neste sentido do lado direito depois de passar o Úcua, se eu errar peço que me corrijam, um Abraço
Elisio Nunes recordo que a malta depois de beber a água do pantano era só vomitar quem não pos as pastilhas dentro da água depois subimos ao morro ande avistamos e ouviamos no outro quartel eram atacados quando isso acontecia havia um turro que nos enviava uns tiros que passavam por cima de nós. Mas antes de subir fomos atacados pelo enxame de abelhas .fujimos deixanda mesmo as armas que tivemos de recoperalas depois No uotro dia andavamos com a cara inchada das picadelas
Manuel Do Souto Foi a pior operaçao que eu fiz com falta de agua,essa onde o Silva ficou doente;e outros camaradas tambem,com essa agua podre que encontramos,ainda pior.Eu mesmo assim,ainda aguentei ate au fim;mas nao me perguntem como,porque nao serei responder.Ainda bem, que na lavra onde fomos atacados antes ante de sobirmos o morro onde dormimmos arranquei umas mandiocas frescas que meti na muchila,ou saco da raçoes de combate,e como ainda estavam verdes,tenho a empressao que foi o que me salvou da sede.Para saber a verdade,temos de fazer outra patrulha,e apanhar as batatas da mandioca verdes;depois ja saberemos a verdade.Estou a REINARcamaradas.mas a mandioca verde, foi verdade que as apanhei depois da embuscada ter terminado;a lavra estava cheiade mandioca, e papaia,ou mamões.
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Peripécias em Quicabo
Vou comentar a primeira peripécia que passei em Quicabo.
Estava-mos á poucos dias em Quicabo e foi o 1º grupo de combate da 1535 do qual eu fazia parte incumbido de ir fazer um reconhecimento partindo em viaturas que nos largaram na margem direita do Rio Lifune na zona em que o Rio passa a Leste de Balacende, esta missão visando saber de possiveis abrigos do IN feita ao longo das margens do Rio deveria ser cumprida e pelas 5 horas da tarde deveriamos encontrar uma pressuposta Picada onde as nossas Viaturas nos iriam buscar para fazer o regresso ao Aquartelamento, azar, da pressuposta Picada já nem sinais porque a mesma não teve uso e a Mata apoderou-se da dita Picada, nós pelas 5 horas da tarde ouvimos ao longe o barulho das Viaturas que nos deviam transportar subimos a um ponto mais alto... para tentar ver se coseguia-mos contacto com os Camaradas que nos deviam recolher, mas tal tornou-se impossível dado a densidade que a mata tinha, assim as viaturas regressam para o Aquartelamento, nós ficamos
isolados sem comida pois só levamos ração de combate para o almoço, sentimos a Aviação a andar á nossa procura na tarde do primeiro dia e na manhã do segundo dia não foi possível o contacto com os Aviões nem com a nossa base pois os Radios que tinha-mos (creio que seria o PRC 10) naquela mata cerrada não conseguia cumunicar, assim o nosso Alferes conversou com nós e disse só temos uma salvação aguentar e seguindo a margem do Rio atingiremos a Fazenda do Pires aí estaremos salvos, foi o que fizemos mas o sofrimento foi terrivél sem comer fazendo um enorme esforço para abrir caminho e não ir por Trilhos apenas a água barrenta do rio para beber sem os cumprimidos que deviamos lhe devia-mos adicionar lá caminhámos com as forças a desaparecerem, houve um elemento que a certa altura disse para O nosso Alferes, ó meu Alferes de-me um tiro não me deixe sofrer mais, e caminhando ao fim de dois dias atingimos a dita Fazenda do Pires onde já estavamos a salvo pois daí ao quartel de Quicabo seria fácil. Chegamos ao quartel já depois do jantar, já nos tinham considerados desaparecidos, lá nos fizeram o jantar peixe frito com feijão frade para quem não comia á dois dias foi um final feliz
A Filha bastarda
- Como eu identifiquei a Companhia 1535 Face ao Batalhão de Cavalaria 1883
A Filha Bastarda Porquê?
Muitos motivos, enquanto aquartelados em Kicabo não havia nada que fosse de grau de risco elevado que não fosse para a 1535 executar, começou logo pouco depois de lá chegarmos com uma missão atribuida neste caso ao 1º grupo e que consistia em fazer o reconhecimento e levantamento da situação na Margem direita do Rio Lifunde a leste de Balacende e que se estendeu até á Fazenda do Pires levando com um inesperado grau de dificuldade por falta de utilização das vias envolventes e que não estava referenciado, a que como já descrevi numa crónica que fiz, a andarmos 2 dias perdidos e sem alimento, a vinte e poucos de Junho 1966 lá nos mandaram para a que até ali seria a pior de todas as operações, que como comento noutra resenha foi a ida á Cunha e Irmãos onde tivemos o 1º grande combate que foi a celebre noite de 27 para 28 de Junho de 1966, logo de seguida e no principio de Julho fomos para uma operação de 45 dias também dela fiz um comentário e que foi a operação Kissonde na zona de maior consistencia do inimigo, a famosa Cunha e Irmãos, passamos poucos dias em Kicabo e ainda com mazelas nos pés das matacanhas apanhadas na kissonde logo outra operação a outro feudo do inimigo, A posse do Kiembo do Zala também referida noutra crónica que escrevi, regressados desta operação uns quantos dias em Kicabo mas sempre em serviço indo fazer escoltas ao MVL ou com os nossos Grupos de combate em missões quase todos os dias, passado pouco tempo e eis que uma nova operação de grande dificuldade é entregue á 1535 a ida ao reduto do inimigo na mata da Canacassala para tentar limpar essa área com vista á futura abertura duma nova picada entre a Beira Baixa e Nambuangongo, no final de Outubro e como A Maria Fernanda até aí á guarda duma companhia independente passou a ser zona á guarda do nosso Batalhão escusado será dizer que por sorte lá calhou á 1535 fazer este serviço desde 2 de Novembro e até partirmos para o Leste, mas de premeio e para além das nossas patrulhas diárias ao nivel de grupo de combate para podermos manter o inimigo á distancia, as viagens a Kicabo em protecção ao MVL que demoravam vários dias para fazer especialmente na época das chuvas com todo o grau de elevado risco que quem por lá andou sabe quanto sofrido éra no mês de dezembro e havendo que fazer mais uma operação de grande risco á zona Cunha e irmãos, escuzado será dizer que lá vai outra vez a 1535 aqui acompanhada da 1537 uma opração que infelizmente todos sabem como acabou, lá fomos continuando no nosso dia a dia sempre em movimento porque a zona éra muito perigosa, até que em fevereiro de 1967 e sendo preciso dar protecção á engenharia para abrir a tal nova picada da beira baixa para Nambuangongo, nem é preciso pensar mandaram 2 grupos de Combate para ficarem de guarda á Maria Fernanda e vai de cravar com a 1535 a fazer durante 30 dias a respectiva protecção á engenharia fizemolo entre a mata de Canacassala e a Mata do Indio, com porrada até dizer basta, para alem dos 30 dias de protecção entre ir e voltar as viagens levaram mais uma semana isto terá dado até fins de Março, depois em Abril sempre ficamos um pouco mais na Maria Fernanda a preparar a área da nossa abrangencia para a nova Companhia que nos vinha render nos fins de Maio de 1967, daqui partimos creio que em 11 de Junho saímos Rumo ao Leste onde a Guerrilha tinha recrudescido no ano de 1966, coube-nos a Vila do Lumeje, mas para além desta Vila tinhamos que fazer proteção a mais 4 localidades, Leua, Sandando Cassai e Luatex, uma zona muito alargada para guardar e lembro que entre Lumbala e Henrique de Carvalho isto de leste a oeste foram zonas por nós bem batidas, ainda tivemos que ir até Teixeira de Sousa fazer reforço, eu publiquei fotos do Luau mas não fomos lá de férias foi em serviço e neste serviço de reforço a Teixeira de Sousa logo nos deram mais serviço e lembro Massibi, Marco 25 e Cavungo, no Cavungo depoois de uma noite dormida no camunho tomamos um pequeno almoço no quartel duma Companhia que pertencia ao Batalhão sediado no Cazombo, para daqui fazermos viagem ao lumeje passando por outro sitio que se não estou em erro se chamava Mucussuege e creio que seria zona do 1º Quartel da 1537, isto é o que eu passei e dá para fazer um juizo porque é que eu acho que a 1535 era a filha bastarda do Batlhão de Cavalaria 1883, estas inumerações dão para muitas resenhas que peço aos meus Camaradas as escrevam pois eu já dei o mote
A caminho do Kiembo!
Manuel Silva Alô Alberto David, como não aparece nenhuma foto a caminho do Kiembo de Zala e que Tu me pediste poderia ser usada na resenha a caminho do Kiembo esta foto do 3º grupo de Combate da 1535 junto á Bandeira Nacional simbolo da conquista deste local que até aí se encontrava dominado como um feudo do inimigo
Manuel Silva
A caminho do Kiembo episódio recambulesco. Passo a narrar o sucedido, saímos de Zala apé para ir render a Compª que lá estava, não me lembro qual, fizemos a caminhada todo o dia, ao começar a anoitecer atravessámos um Rio apé e depois como não se via nada foi mandado fazermos fila agarrando o cinturão do Camarada da frente fazendo um cordão humano, a certa altura e já na encosta que nos leváva ao cimo do Kiembo este cordão partiu-se porque um Camarada largou o cinto do da frente ficou assim a Compª dividida em dois grupos o grupo da frente lá foi andando e atingiu o alto do Kiembo o grupo que descolou e no qual eu estava ficou para trás em determinado local deparou-se com três trilhos, como não fosse possível contactar a frente dado que estava escuro não só seria aconcelhável contacto por... Rádio quer pelo barulho que a transmisão faria quer porque os Telegrafistas não viam para poder manusear os Rádios nós lá ficámos a aguardar o amanhecer e aproveitámos para dormir um pouco ficando um em cada três a fazer sentinela quando o que deixava a sentinela se deita-se no chão para dormir chamava o que lhe estáva ao lado para acordar e entrar em vigilância até aqui tudo bem, só que quando eu fazia a dita vigilância fiz uma habilidade, leváva comigo elementos que retiráva das Batarias dos PRC 10 e uma Lampada tinha a mania da electrónica (ainda tenho) e o que me deu com os elementos disponiveis fiz uma ligação e assim consegui acender a Lampada e dar sinal aos da frente da nossa posição isto pouco antes do amanhecer e lá do alto aqueles que se aperceberam da luz indicaram-nos para seguir o Trilho que subia para o alto do Kiembo cometi uma imprudencia pois a luz que fiz poderia ser utilizada pelo IN contra nós, tudo acabou em bem.
Poesia
PARA TI CAMARADA
Camarada, sei que vais pensar
Neste dia tão festivo
que é o Natal
... Mas lembra-te que apesar
Seres de lá
Aqui também é Portugal
Sei que te lembras e choras
de todos os que te são queridos
Muito da tua Santa Mãe
Da tua mulher
Dos teus filhos
Mas lembra-te que eles também
Sentem saudades tuas
Mas orgulhosos porém
Erguem a cabeça bem alta
P'ra darem o exemplo ao mundo
Que defendes a terra mãe
Não penses camarada
Sê forte como eu
Pois eu sinto como tu
A mesma dor me vai roendo
As saudades me vão matando
Também penso podes crer
Tenho forças e vou lutando
enquanto formos vivendo
Damos graças de viver
Um Natal se vai passar
Mas tem coragem
e tem fé
Pois é a fé que nos salva
podes crer
Eu também a tenho
E não me tenho dado mal
Pois havemos de voltar
e ao pé dos nossos
muitos natais havemos de passar
depois de ter defendido
Este tão querido Portugal
Fernandes
Furr.Mil.ª
Transcrito do jornal O Dragão - Dezembro de 1966
Camarada, sei que vais pensar
Neste dia tão festivo
que é o Natal
... Mas lembra-te que apesar
Seres de lá
Aqui também é Portugal
Sei que te lembras e choras
de todos os que te são queridos
Muito da tua Santa Mãe
Da tua mulher
Dos teus filhos
Mas lembra-te que eles também
Sentem saudades tuas
Mas orgulhosos porém
Erguem a cabeça bem alta
P'ra darem o exemplo ao mundo
Que defendes a terra mãe
Não penses camarada
Sê forte como eu
Pois eu sinto como tu
A mesma dor me vai roendo
As saudades me vão matando
Também penso podes crer
Tenho forças e vou lutando
enquanto formos vivendo
Damos graças de viver
Um Natal se vai passar
Mas tem coragem
e tem fé
Pois é a fé que nos salva
podes crer
Eu também a tenho
E não me tenho dado mal
Pois havemos de voltar
e ao pé dos nossos
muitos natais havemos de passar
depois de ter defendido
Este tão querido Portugal
Fernandes
Furr.Mil.ª
Transcrito do jornal O Dragão - Dezembro de 1966
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Memorando do Zé Terras !
Manuel Silva carregou um ficheiro.
Vou aqui publicar uma resenha que o nosso Amigo Joaé Gonçalves(José Terras)me confiou, no seu 1º parágrafo escreve sobre a Companhia que o levou para a Guerra, O José Manuel Homem que venceu na vida graças á Sua honestidade e muito trabalho, foi na guerra vitima da sua coerencia e por essa qualidade pagou com 5 anos de comissão em Angola, tendo ido para a nossa Companhia já com 4 anos de serviço prestado, tinha a especialidade de Condutor mas por falta de activos aceitou de bom grado integrar os atiradores, éra assim que A Pátria Mãe respondia aos que não aceitavam a subserviencia, este texto foi escrito em 1968, Bem Hajas José Manuel por mo confiares
MEMORANDO
AO 1º CABO MOUSINHO PARA NÓS O OLHO AZUL DO COMANDO DO AGRUPAMENTO 10, CHEGAMOS A LUANDA, EM 18 DE SETEMBRO DE 1963, APÓS 15 MESES, LÁ NO NORTE, CHORASTE, QUANDO EU FUI PARA A PRISÃO, SENTISTES A INJUSTIÇA, COMO EU SENTI A TUA MORTE SEM PODER AJUDAR TE, SENTI AS LÁGRIMAS A CORREREM PELO ROSTO E CHOREI, NÃO DE DÔR, PORQUE OS HOMENS NÃO CHORAM, MAS DE RAIVA, O QUE É QUE EU FIZ? A MINHA MENTE ENTRA EM EBULUIÇÃO A MEMORAR, ONDE QUER QUE ESTEJAS, ESTARÁS NA MINHA MEMÓRIA SEMPRE… ZÉ TERRAS.
AO ALFERES MIL. JOSÉ MANUEL AZEREDO PAIS A SUA BONDADE ,SUBTILEZA, EDUCAÇÃO O RESPEITO PELOS SUBALTERNOS A SUA PERSONALIDADE FORTE, FICOU NA MINHA MEMÓRIA, ASSIM COMO O VÍTOR MANUEL AZEVEDO CASTELO BRANCO "O DIPLOMATA " DE UMA INTELIGÊNCIA RARA.
AO CELESTINO DO CARMO PEREIRA E AO JOAQUIM JOSÉ CAPELA DE CRISTO QUE ME LADEARAM NA CAMARATA E QUE TANTAS VEZES ME CONFORTARAM, ADMIRANDO -ME POR TER CINCO ANOS DE ANGOLA, ESTAVA NO HOSPITAL DE LUANDA A TRATAR DOS FERIMENTOS DA EMBOSCADA SOFRIDA NA CAMEIA, ADVINHAVA-SE A TODO O MOMENTO O RESSENTIMENTO DO IN. NAQUELAS MALDITAS EMBOSCADAS DE 27 E 28 DE MARÇO DE 1968 TOMBARAM SEM OS PODER SOCORRER, A TODOS OS MEUS CAMARADAS MORTOS VAI O MEU FROFUNDO SENTIMENTO E A MINHA REVOLTA PORQUE OS HOMENS NÃO QUISERAM QUE A PÁTRIA FOSSE DUAS VEZES A NOSSA MÃE E AO DAR A VIDA POR ELA, FOI EM VÃO......
MAS….EM VÃO, NÃO VAI O VENTO DA HISTÓRIA PELA VOSSA MEMÓRIA O SEMPRE,… ZÉ TERRAS.
10 de Junho de 1968.
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